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Reis do Futebol: Leônidas

Leônidas foi o pedal que acelerou a roda do futebol e o levou à categoria de delírio nacional.

Um gol espetacular, Pelé fez, já no fim de carreira, no Cosmos de New York. Subiu, de costas para o gol, e arremeteu suas duas pernas para o ar. Uma, seguiu em linha com o corpo, a oferecer-lhe equilíbrio. A outra, disparou contra a bola com força, velocidade e precisão. Gol. Foi uma cambalhota de costas, um movimento igual aos meninos da rua, descansando e rodando ao contrário, na descida, os pedais de suas bicicletas.

Pelé não inventou a bicicleta, no entanto. Herdou a técnica de Leônidas, o super atleta para qualquer arena, craque no esporte que escolhesse, o cara, o animal, o fenômeno.

A bicicleta é a explosão de um corpo no ar sem que a bola antes se anunciasse, vinda do futuro ou do passado, para o encontro incombinado de almas imprevisíveis, no endereço do gol. Leônidas a inventou e a pedalou.

Talvez, hoje, um defensor, com um chute maroto no tornozelo, deslocasse Leônidas no ar e impedisse, mediocremente, sua magistral bicicleta. Em seu tempo, os goleiros caminhavam até o fundo do gol e traziam a bola até as mãos dele, como a pedir “tenta de novo, pois foi bonito”, o marcador aceitava que concluísse a jogada, levantando-o, se não acertasse, parabenizando-o, se fizesse o gol.

A paixão que o brasileiro tem pelo futebol, dedique menos ao amor clubístico, mais à idolatria por Leônidas. Sua popularidade popularizou a bola, o couro, o capotão de número 5. Ergueu, no Brasil, o futebol a um patamar superior ao de todos os outros esportes e de todas as artes, somando-os juntos.

Quando pagou caro para ter Leônidas em seu elenco, jamais imaginou, o Flamengo, multiplicar sua torcida por dois, por cinquenta, por cem. Foi o que aconteceu. O pedal que acelerou a roda do delírio nacional, em vermelho e preto, nasceu junto com a bicicleta do Homem de Borracha, a Magia Negra, o Diamante Negro, o ícone não menos importante que o próprio rei que lhe cedeu o nome por empréstimo, o espartano que, com trezentos homens, enfrentou milhares e milhares de persas nas terras gregas.

Não pensem em outro. O guerreiro que invadiu os ares estrangeiros para declarar, em alto e bom som, que aqui é Brasil, foi Leônidas. Com ele, perdemos a inocência nas competições internacionais. Só não levamos o caneco em 1938, porque se machucou e não enfrentou os italianos na semifinal. Perdemos, por dois a um, um jogo perfeito para Leônidas.

São vinte anos de prejuízos irreparáveis para a história do nosso futebol. Brasil, bicampeão em 1958, duas taças unindo a genialidade de Leônidas e Pelé. Haveria trauma em 1950, se o Título viesse em 1938? O Maracanã sucumbiu à garra uruguaia naquele ano. Nada daquilo que se conta do Maracanã, do maracanazo, contaria-se se Leônidas jogasse contra a Itália, em 1938.

Nenhum inventor cuidou melhor do seu filho que Leônidas. Ninguém lapidou sua jogada ou ousou aplicar-lhe mais força, arte ou perfeição que o Diamante Negro. Leônidas inventou a bicicleta e estabeleceu seus limites de beleza e potência.

 

Leônidas da Silva, ou simplesmente Leônidas, o diamante negro, nasceu no Rio de Janeiro em 1913 e morreu em 2004. Jogou no Vasco, Botafogo, Flamengo e São Paulo. Foi campeão carioca e paulista várias vezes. Fez 37 gols em 37 jogos pela Seleção Brasileira e mais de 500 em toda a carreira. Inventou a ‘bicicleta’. Impulsionou o ‘esporte das multidões’, o futebol, no Brasil.

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