Tratava eu, não sei por quais cargas d'água, de alertar Dilma sobre uma profissão milenar da área econômica de reinados e repúblicas: mentir para o rei ou para o presidente.
- A área econômica está mentindo para o presidente, Dilma.
- Você tem como provar?
- Claro. A meta fiscal do governo foi definida em 4,25% do Produto Interno Bruto. E o governo anda fazendo em torno de 5%.
- Mas isso é porque os ministérios não conseguem gastar. A Fazenda libera o dinheiro e ele fica sobrando no final do ano.
- Não é verdade. Olhe esse gráfico. Mês a mês (eles chamam isso lá de média móvel), o superávit é uma linha reta de 5% do PIB. Significa que não é saldo apurado no final do ano, mas uma estratégia mensal da Fazenda.
Horas depois desse evento, Pallocci apareceu para uma reunião com Dilma. Não deu nem tempo de chegar na cadeira:
- Ô Palloccinhho, nunca mais você minta para o presidente da República. Acabou, ouviu?
Pallocci embrulhou a língua.
Lembrei desse episódio por conta da delação do Palloccinhho contra Lula.
Lógico que a prova vai eliminar qualquer argumento, mas que o Palloccinhho sempre gostou de uma mentirinha, ah, isso gostou.
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