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Bora, Brasil

A utilização predatória de recursos naturais e minerais estratégicos, a economia intensiva em carbono, a concentração de riqueza e terra, a economia social e territorialmente desequilibrada, esses males todos são condenações que o Brasil experimenta hoje, mas que resultam da falta de planejamento no passado. Estados que exercem soberania sobre território com amplas dimensões e povo vivendo sob condições sociais desiguais, ou acende uma velinha para o planejamento ou não verá réstia de luz no horizonte.

Tripudiar sobre o Brasil é quase profissão em rodinhas de conversa, no táxi ou no cabeleireiro. Se você entende que não é bem assim e as coisas não vão tão mal, ou fica calado ou recebe um bofetão verbal, uma reprimenda em forma de tapa na cara, um desdém intelectual que dói como chute no saco. Deve-se escolher ainda, cuidadosamente, o momento de escapar da roda, para que a fuga não ocorra logo após seu comentário.

- Deve estar mamando nas tetas do governo – alguém solta, assim que sai.

Afinal, segundo os profissionais do ramo, estamos condenados ao fracasso e à infelicidade, como país e como povo. A sociedade é corrupta, de cabo a rabo, salvando-se apenas a igreja, corpo de bombeiros, correios e família. Em rodas mais seletivas, ainda aparece alguém com uma estória escabrosa do banco do vaticano, de uma carga roubada, de um filho que se perdeu na vida. Fica o bombeiro com a missão de apagar os pecados da corja toda.

Não faltam os que comparam o Brasil ao jogo do bicho, prostíbulo ou tráfico de drogas:

- A zona e o tráfico são mais organizados que o Brasil. Não vou nem falar do jogo do bicho, este aí está bem à frente.

Com essa concordância generalizada, o melhor é quitar as dívidas e seguir o caminho do aeroporto. Não vá sair devendo coisas. A língua do povo está em sua versão afiada.

Não tenho algo para colocar no lugar do descrédito geral. Nem ando a fim de expor meu nome no centro do debate do papo alheio, por querer atravessar a caverna com um palito de fósforo ou iluminar o universo com uma lamparina.

Apenas me recuso a não fazer nada. Alguma ignição dispara os arranjos de consciência e tudo começa a se fazer azul, da cor do céu, da cor do mar.

Não creio que devamos começar com os clubes de futebol. É crença demais apostar que o futebol brasileiro arrumado, vá fazer inveja às instituições e, a partir daí, triunfaremos todos, inclusive o Brasil. Uma hipótese é abrir outra diversão, libertando ampla, geral e irrestritamente os jogos. Enquanto os brasileiros se distraem, alguém pega o leme e leva a nau a porto seguro. Algo pode ser feito a partir da moralização do carnaval ou da vereança de uma pequena cidade.

Em outra direção, a ignição pode ser urbanizar as favelas, construir creches para todas as crianças ou financiar a agricultura. Você acerta no centro de algum alvo e liga o motor. A máquina do crescimento funcionando, você pode parar, pensar, planejar.

Bora, Brasil.


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