Dançamos porque os deuses se juntaram contra nós? Não, dançamos porque juntamos um elenco fraco demais para encarar partidas decisivas de Copa do Mundo.
Parece que há um acordo de cavalheiros nas partidas de futebol entre Brasil e México e outro, caracu, entre o Brasil e os países da Europa.
Como uma lambuja de três gols nas peladas de rua, parece que o Brasil dá meia hora para o México fazer o que quiser em campo antes de entrar no jogo.
Quando eles se aproveitam da meia hora para marcar seus gols, com o máximo combinado de três, a partida entra em sua fase decisiva. Agora, é para valer.
Do contrário, o Brasil vai passeando em campo até encontrar, nos buracos da defesa, o caminho dos gols.
Quando esse acordo foi estabelecido, os cavalheiros Montezuma, o último rei azteca, e Dom Manuel, o papa-bolas que mandava aqui à época, podiam ter combinado um tempo menor para a fase 'amistoso' do jogo, algo em torno de dez minutos. É muito sofrimento assistir, durante tanto tempo, à trama dos mexicanos, bola de pé em pé, dentro da área do Brasil.
Ainda mais quando o jogo está valendo as oitavas da Copa do Mundo na Rússia e qualquer azar pode antecipar a volta ao Brasil ou, conforme estabelece o código penal brasileiro como pena alternativa, um exílio na Sibéria.
Vai que toca na mão de Miranda e o VAR marca pênalti!
Vai que bate no pé de Tiago Silva e entra!
É certo que depois da lambuja, porém, nós dominaríamos o jogo e faríamos o placar para chegarmos nas quartas de final.
O problema, quando nos acostumamos com a estratégia, é achar que França é México, Alemanha é México, Bélgica é México. Aí, nos damos mal.
Contra a França, na partida final da Copa de 1998, os franceses foram dominando, dominando, até fazer 1 a 0 antes dos 30 minutos.
Contra a Alemanha, em 2014, os alemães foram dominando, dominando e, antes de 30 minutos de jogo, já faziam 5 (cinco, Montezuma!!) a 0.
Já devíamos ter apreendido que o acordo que vale para o México não compra nada na Europa - na França nem na Alemanha, pelo menos e, como descobrimos agora, nem na Bégica.
Foi assim que dançamos em 1998 e 2014 e fizemos 2 a 0 no México agora em 2018, tranquilamente, depois do passeio inicial deles pela nossa grande área.
Mas esse alerta serviria para quê?
Ora, para o jogo contra a Bélgica, nosso último na Copa.
Se dormimos 30 minutos, Lukaku, Hazard e De Bruyne já não teriam feito os gols que os incompetentes mexicanos desperdiçaram?
Estávamos sem Casemiro para destruir os ataques adversários, sem Felipe Luiz, Neymar em estado negativo de inspiração, William com o futebol do início da Copa, Coutinho com o futebol curtinho, Paulinho dando de canela, Gabriel Jesus espinafrando a bola e Fernandinho repetindo erros de 2014, no Brasil. Dançamos porque os deuses se juntaram contra nós? Não, dançamos porque juntamos um elenco fraco demais para encarar partidas decisivas de Copa do Mundo.
Com as derrotas do Uruguai, Brasil, Suécia e Rússia, apenas quatro países ainda disputam o direito de invadir o território russo para comemorar o título da Copa do Mundo. Cá para nós, França, Bélgica, Inglaterra e Croácia formam a segunda ou terceira divisão do futebol mundial.
Semifinais sem Brasil, Alemanha, Argentina e Itália não são válidas em Copas do Mundo.
Melhor apagar 2018 do calendário e preparar as malas para 2022.
No Catar?
Nossa!! As Copas do Mundo estão ficando cada vez mais distantes do Brasil.
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